4 de set de 2023

“temos as tecnologias, os recursos humanos e o conhecimento. Depende tudo de nós!”

PLC 2023

Foi com este mote que as três empresas organizadoras do PLC, EPLAN, Phoenix Contact e Rittal Portugal, abriram as conferências deste ano.

A sala de conferências do Eurostars Oasis Plaza, na Figueira da Foz, estava praticamente cheia quando os representantes das 3 empresas organizadoras deram as boas-vindas a todos os presentes. Ângela Marques, Sócia-Gerente da M&M Engenharia, Ceferino Almeida, Account Manager da Rittal Portugal, e Michel Batista, Diretor Geral da subsidiária portuguesa da Phoenix Contact, falaram à vez para apresentarem os temas da 18.º edição do PLC: a sustentabilidade e a eficiência energética. Ceferino Almeida, em representação de Jorge Faria da Mota, que este ano não pôde estar presente pela primeira vez, desde que o evento começou a ser organizado em 2006, deu, em nome da Rittal, as boas-vindas a todos os presentes. Apesar de não poder comparecer, o CEO da Rittal brindou os presentes com uma mensagem em vídeo, onde os cumprimentou e expressou a sua vontade para que aproveitassem a oportunidade para tirar dúvidas e absorver o know-how partilhado durante o evento. Por sua vez, Michel Batista agradeceu a presença de Pedro Marques, convidado especial da edição de 2023, realçando a importância do PLC como ponte entre a comunidade académica e as empresas.

A TRABALHAR JUNTOS PARA A TRANSIÇÃO ENERGÉTICA

Ceferino Almeida foi o primeiro representante da Rittal a falar. “Para deter as mudanças climáticas e cumprir as metas, devemos reduzir ao mínimo as emissões de CO2. O principal instrumento para alcançar este objetivo é a transição energética”, começou por dizer. Tudo isso, tal como já se sabe, é possível com a eletrificação do consumo, a digitalização das redes e a eliminação dos combustíveis fósseis. “Os sistemas de produção, armazenamento e distribuição de energia do futuro têm que ser verdes, digitais, eficientes e sustentáveis”, continuou o gestor, explicando que, no contexto da industrialização e da standardização, é crucial olhar para todo o processo, desde a engenharia até à produção e otimizá- -lo. É aí que a Rittal entra, segundo Ceferino Almeida, que apresentou soluções da marca, como os sistemas de armários, sistemas de climatização e sistemas de distribuição de energia para a produção solar, eólica, hídrica,H2O, entre outros. Como complemento, falou ainda dos Edge Data Center escaláveis, que são uma peça essencial para a infraestrutura, pois asseguram a capacidade de instalação dos equipamentos que vão gerir toda a rede de produção e distribuição de energia, processando os dados e disponibilizando a informação que permite ajustar as necessidades de produção e armazenamento, ao consumo. Por sua vez, o Energy Storage Container, as infraestruturas de carregamento, os armários de distribuição e as infraestruturas de back-end são soluções desenvolvidas pela Rittal para permitir a criação de infraestruturas de alta disponibilidade para o consumo de energia. “Juntos seremos capazes de alcançar um fornecimento de energia sustentável, garantir a operação eficiente das redes elétricas e otimizar o consumo de energia”, concluiu, passando a palavra a Claúdio Maia, que veio falar de “Digitalização e Cadeia de Valor”. “Da engenharia ao fornecimento, a Rittal acompanha todo o processo”, explicou Cláudio Maia. O também Account Manager guiou os presentes pelas 4 fases do processo: a engenharia, a logística, a produção e a instalação, tendo referido exemplos de soluções de software desenvolvidas pela Rittal como por PUB exemplo o RiTherm, o Ri4Power, o Ripanel, o RiPanel Processing Center e o Rittal Smart Service. “A Rittal lançou no mercado equipamentos de climatização mais eficientes, em termos de consumo energético, na ordem da redução de 75% de consumo”, bem como em termos da redução da pegada ecológica (CO2 ), contribuindo para que toda a indústria possa melhorar os seus rácios de eficiência e contribuir para o alcance das metas de redução de emissões até 2030. Claúdio Maia terminou a intervenção da Rittal com outra solução eficiente e ecológica: o porta-documentos digital E-pocket. Este produto, agora gratuito, foi pensado para combater a desatualização dos porta-documentos tradicionais, em papel, que necessitam de constantes alterações. Assim, a Rittal desenvolveu um sistema totalmente digital através do qual, com a simples leitura do código QR nas portas dos armários, é possível ter acesso a toda a informação do quadro elétrico (manuais, esquemas e notas), que estará sempre atualizada e disponível em qualquer lugar a qualquer hora

100 ANOS A ELETRIFICAR O MUNDO

Michel Batista tomou a palavra e começou por realçar a importância que o ano de 2023 tem para a organização do PLC e da Phoenix Contact à escala global: além de marcar o 18.º ano do evento, marca também o 100.º aniversário da Phoenix Contact. Foi precisamente em 1923 que a empresa nasceu, tendo como base 3 palavras: escutar, melhorar e inovar. 3 lemas que levaram a empresa ao lugar que hoje ocupa. A primeira invenção de destaque aconteceu em 1928 com a criação do borne de passagem em cerâmica com sistema de fixação. Os anos 70 foram marcados pelo desenvolvimento da eletrónica associada ao sistema elétrico, com o Combicon e o Interface. Já os anos 80 trouxeram o Trabtech e o Interbus, tendo o último sido o primeiro ponto de contacto entre Michel Batista e a Phoenix Contact em 1999. A segunda década dos anos 2000 trouxe consigo a preocupação ambiental e o desenvolvimento do e-mobility, da Complete Line e da PLC Next Tecnology. Chegada a 2023, a Phoenix Contact pretende continuar o caminho traçado até agora. Para isso, a rota está encaminhada para uma sociedade eletrificada - All Electric Society. “É isso que dará resposta às nossas necessidades e às do planeta”, partilhou Michel Batista. Com os inegáveis sinais das mudanças climatéricas, há uma urgência na redução do CO2. “Mais e menos simultaneamente”, desafiou o Diretor Geral da Phoenix Contact. Apesar de parecer paradoxal, a ideia apresentada por Michel Batista consiste na necessidade em ter mais energia, mas de consumir menos. Sendo que as energias renováveis e o hidrogénio são soluções para substituir os combustíveis fósseis, elas não serão suficientes para colmatar a procura energética que existirá em 2045. Para isso, a eficiência energética é fundamental. “Ter o mesmo, mas consumir menos. Só vamos conseguir dar respostas se tudo estiver interligado na rede”, confessou. Para além da eficiência energética, Michel Batista apresentou a digitalização como uma obrigatoriedade, que equilibra a carga entre a oferta e a procura. “Eletrificar, interligar e automatizar. Esta é a visão da Phoenix Contact”, afirmou. Segundo o Diretor Geral, Portugal está, pela primeira vez, na posição de unir 3 partes que parecem antagónicas: o social, o económico e o ecológico. “Estamos a viver uma época perfeita. O mundo está em plena transformação. Temos as tecnologias, os recursos humanos e o conhecimento. Depende tudo de nós!”, concluiu.

ENGENHARIA EFICIENTE NUM MUNDO DIGITALMENTE LIGADO

A intervenção de David Santos, especialista EPLAN, começou com um vídeo. Lado a lado, 2 pessoas estavam a montar um quadro elétrico. A da esquerda, tinha todas as peças necessárias cortadas à medida e dispostas em ordem. A da direita, tinha de fazer todas as medições, cálculos e cortes na hora. Como seria de esperar, a da esquerda era claramente mais rápida a terminar a montagem do que a da direita, mostrando que as ferramentas do mercado que facilitam o dia-a-dia devem ser aproveitadas e valorizadas. Um exemplo disso é o gémeo digital, desenvolvido na plataforma EPLAN. “Temos a capacidade de prevenir erros de eletrificação, porque sabemos como tudo vai ser feito. Temos todo o conhecimento prático, desde os tamanhos dos cabos, os tipos de ponteiras, ...”, explicou, enquanto demonstrava as características do EPLAN Pro Panel, que estaria em destaque na exposição da parte da tarde. “No PLC, quando falamos de sustentabilidade, falamos da transição energética, mas há outras dimensões, como as pessoas e as políticas. As empresas devem ser sustentáveis nos 3 eixos”, afirmou David Santos. Enquanto ecossistema, a EPLAN propõe-se a fazer isso mesmo, servindo de ligação entre o fabricante, o quadrista, o integrador de sistemas e o operador. De forma simplificada, o operador tem necessidades. Com base nessas necessidades e nas especificações pretendidas, é criado um projeto de implementação, que é apresentado ao integrador de sistema. Nessa fase, é possível trabalhar nas ferramentas EPLAN (engenharia básica). De seguida, desenvolve-se o projeto (engenharia detalhada). Quando o projeto passa para o quadrista, é criado um gémeo digital que funciona como auxiliador, salvaguardando potenciais problemas no fornecimento. Daí avança-se para o integrador dos sistemas (comissionamento). Tudo isto traz ao de cima os benefícios das soluções EPLAN, como a poupança de tempo significativa, a sua presença ao longo de todo o fluxo de trabalho, a prontidão dos dados das peças que serão utilizadas, a redução de desperdício, um sistema preparado para futuras evoluções, a composição dos projetos de acordo com os padrões globais e a ligação entre todos os intervenientes no projeto. A sustentabilidade na dimensão social e organizativa é assegurada através do processo da digitalização e da simplificação dos fluxos de informação. Isto garante que a informação chega onde é necessária, sem erros e que cumpre todos os requisitos, permitindo a melhoria do dia a dia dos colaboradores, por exemplo através da redução de tarefas manuais e repetitivas, e a utilização da informação gerada para a criação de processos mais eficientes

TECNOLOGIA AO SERVIÇO DA SUSTENTABILIDADE E DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Pedro Marques, Professor Adjunto do Politécnico de Leiria, veio ao PLC mostrar que no ensino também se mete “mesmo a mão na massa”. Começou por contextualizar a problemática da sustentabilidade e por apresentar alguma legislação comunitária e nacional, “que ajuda a pôr as coisas em andamento”. “Depois temos as Normas, que vêm especificar o que deve ser feito”, explicou. Em especial, o professor destacou a Norma ISO 50001, que se dedica ao estabelecimento, implementação, medição e melhoria de um sistema de gestão de energia, uma abordagem sistemática para melhoria continua dos edifícios. Segundo o académico, tudo é muito interessante, mas é necessário medir, registar e analisar. “Para que seja possível cumprir tudo, é preciso colocar a tecnologia ao nosso serviço”, disse, mostrando vários equipamentos, desde os mais analógicos aos mais atuais e digitais. Daqui, partiu para a apresentação de um caso prático: o projeto na Junta de Freguesia de Pousos, em Leiria. Neste projeto foi desenvolvida uma estrutura com base na automação, para recolher todos os dados e introduzi-los numa base de dados, para posterior análise. Essa análise permite fazer uma previsão de consumos e custos, definir limiares de alarme (parte em que tem vindo a desenvolver, com os alunos, um algoritmo de AI com aprendizagem automática), identificar oportunidades de racionalização dos consumos, promover a sustentabilidade e conservação dos recursos naturais, melhorar o desempenho ambientar e muito mais. “A medição é a 1ª etapa para conseguirmos controlar tudo isto. Se não medirmos não vamos poupar, nem vamos controlar o que temos”, concluiu.

UM ESPAÇO DE EXPOSIÇÃO E NETWORKING

A parte da tarde da 18.a edição do PLC contou com a exposição habitual das 3 empresas organizadoras. Entre a apresentação de diversos produtos e a oportunidade de networking, cada espaço foi marcado por um pormenor diferenciador. À esquerda, a Rittal desafiou os visitantes a girar uma roda com todas as fases da cadeia de valor que correspondiam a diversos prémios. Ao centro, a M&M Engenharia conduziu um webinar sobre o EPLAN eView e apresentou algumas das novidades da versão 2024, que apesar de ainda estar em versão beta já permite ver, por exemplo, o novo sistema de cálculo ou as melhorias introduzidas na criação do protótipo digital. À direita, a Phoenix Contact apresentou várias das inovações de 2023, com destaque nas impressoras Thermomark E SERIES e nas combinações de fontes de alimentação, UPS e disjuntores com capacidade de comuicação por IO Link, Modbus TCP e Profinet. Apresentou também uma solução de controlo de iluminação automático como caso de eficiência energética. Por fim, celebrou com todos os presentes o seu centenário sob o mote de “100 anos de Paixão por Tecnologia e Inovação”.